Imaginação frondosa
Bons Vinhos

Imaginação frondosa



Em época de crise os argumentos utilizados para vender vinhos são dignos de elogios.

Pague 2 e leve 3, Aproveite para comprar o melhor vinho do mundo (ou do Edmundo?), Escolha o seu e pague 35% menos, Este vinho é para você, etc. etc.

Todos os que produzimos e comercializamos vinhos e espumantes, sabemos da importância da desmistificação, da descomplicação do serviço, assim como da informação clara e simples.

Pinçando algumas pérolas podemos comprovar quanto a imaginação é frondosa quando o tema é vinhos.

“Apreciar a 12°C, preferencialmente em taças lisas, cristalinas, bojudas e de grande abertura, as do tipo “Bordeaux”.
Nesta recomendação estamos colocando um condicionante que deixa em dúvida o consumidor.
Será que numa simples taça para branco este vinho será tão fantástico ou ficará prejudicado?

No lugar de recomendar a temperatura (o consumidor não sempre tem um termômetro a mão) não seria o caso de informar a forma de deixar esse vinho na temperatura ideal? Esfrie durante 20 minutos num balde com gelo, por exemplo.

“Este exemplar está pronto para o consumo, mas pode ser guardado por mais 30 meses".
Ou seja, beba agora ou nos próximos dois anos e meio. Dúvida cruel.

Reconheço que é dura a vida do apreciador de vinhos e espumantes.

Para comprar com segurança deve seguir os vinhos recomendados pelas “estrelas de Baco”, as listas intermináveis das revistas “especializadas”, dos sommeliers de plantão no Facebook, no Instagram ou deve enfrentar com valentia os corredores imensos dos supermercados e arriscar?

Eu decidiria pela ultima opção. Em definitiva a compra de vinho é UM ATO DE RISCO.

A verdade está no copo, no seu copo. Compre, beba, decida, compre, beba, decida. Seja curioso, com o tempo e quase sem querer, seu paladar irá se aprimorando, se acostumando aos aromas e sabores próprios do vinho. E muito provavelmente, a preferencia inicial por produtos bem amáveis, as vezes doces, dará passo a de vinhos mais secos, espumantes brut e nature, com sabores mais marcantes.
Lembre, gosto não se discute, mas se aprimora.

O próprio setor, com a intenção de enobrecer seus produtos, se encarregou de difundir através da mídia e suas mensagens institucionais, conceitos que mais amedrontam que seduzem.

São tantas as advertências e recomendações em relação a temperatura, ambiente, luz, vibrações durante a conservação.
Tantas em relação ao serviço, tamanho do copo, tipo de cristal, formato, volume, tempo de abertura, decantação e arejamento além das relacionadas a origem, terroir, safra, madeira e número de calçado do enólogo, que muitas das vezes, para descomplicar, a decisão é beber uma “geladinha”e ser feliz.

Agora, com o surgimento dos vinhos “naturais”, mostrados como os únicos capazes de preservar a saúde física, mental e psicológica dos consumidores, um novo dilema se coloca frente aos mesmos:

Então o que bebi até agora não é natural? Cadê a uva? O vinho é como um simples iogurte, cheio de produtos químicos, aromatizantes, corantes, emulsionantes, nada como antes?

Mais um erro ao tentar dividir a vitivinicultura entre vinhos “puros” e vinhos "impuros”.

Você sabe o que tem num copo de Chardonnay? – Simples.
Única e exclusivamente o suco da uva que o gerou. Mais nada, nenhum produto químico, nenhum insumo que altere seu caráter, somente o suco. Absolutamente natural.

Eu como produtor, humildemente peço aos consumidores: não nos abandonem, não vão para a geladinha definitivamente.
Eu garanto que se compram (com risco sim, mas ficando menor com o tempo), degustam e aprovam ou desaprovam, compram, degustam e aprovam ou desaprovam, o futuro lhes reservará momentos únicos, diferentes, inesquecíveis.

Daqueles que somente vinhos e espumantes são capazes de proporcionar.



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