MATÉRIAS - Bordeaux, seu terroir e suas uvas
Bons Vinhos

MATÉRIAS - Bordeaux, seu terroir e suas uvas


Por: Aguinaldo Záckia Albert

Tintos de grande fineza e estrutura, capazes de serem guardados por longo tempo e amadurecerem admiravelmente é o que nos ocorre quando falamos de Bordeaux, a região francesa que concentra a maior quantidade de grandes propriedades vinícolas, todas elas produzindo apenas vinhos AOC. Diferentemente da Borgonha, aqui os vinhedos são extensos, muitos deles ao redor de châteaux, que servem de sede para as grandes casas produtoras. Muitas vinícolas adotaram o nome château
mesmo não possuindo um, tão grande é a associação feita entre vinhos de Bordeaux e os castelos. São 110 000 ha de vinhedos que produzem em média 6,5 milhões de hectolitros de bons vinhos a cada ano.
A região produtora dos vinhos de Bordeaux se localiza no departamento da Gironda, dentro da região da Aquitânia, sudoeste da França, cortada pelo paralelo 45° - ótima latitude para o vinho. A produção vinícola se concentra às margens dos rios Garonne e Dordogne, que ao se encontrarem formam o estuário do Gironda.
Os terrenos são, bastante planos e a composição do solo favorece a drenagem. Na margem esquerda do Garonne e do estuário do Gironda, predominam os solos arenosos misturados a cascalho (“graves”, em francês, que dá nome a uma região de Bordeaux cujo solo possui um grosso substrato de cascalho). No outro lado, ao longo da margem direita do Dordogne e do Gironda, a variedade é maior: argila, calcário, areia e cascalhos aparecem em diferentes trechos e muitas vezes se misturam. Já entre os rios Garonne e Dordogne, na área conhecida como Entre-deux-mers (“entre dois mares”), a composição do solo é basicamente argilo-calcária; este solo mais fértil acaba prejudicando o crescimento. Devido à influência da corrente do Golfo, quente, o clima é bastante ameno, temperado oceânico. A pluviosidade é mediana, mas o Médoc, por exemplo, costuma receber um maior volume de chuvas por ficar mais próximo ao oceano. A umidade por outro lado é mais elevada nas regiões à beira dos rios próximas à floresta de Landes, como Sauternes: graças a isso, as uvas brancas são atacadas pelo fungo Botrytis cinérea, responsável pela desidratação das uvas que produzem o vinho doce mais valorizado do mundo.
Mais de 80% da produção vinícola da região é tinta e é inevitável a associação do nome Bordeaux com vinhos estruturados e elegantes, marcados pela predominância da Cabernet Sauvignon e da Merlot. Dentre os brancos, porém, são produzidos alguns dos melhores vinhos doces do mundo, graças à pourriture noble que ataca a Sémillon e a Sauvignon Blanc em algumas áreas. Brancos secos muito bons também podem ser encontrados com as mesmas uvas.
O tinto de Bordeaux é famoso e, mais uma vez, se opõe ao da Borgonha por ser um vinho de corte, isto é, composto por mais de uma uva, e não um monovarietal. Cada uva desempenha seu papel na mistura, cujas proporções e protagonistas variam de acordo com a sub-região.
A Cabernet Sauvignon dá vinhos tânicos e complexos e é a tinta predominante na margem esquerda, mais quente e, portanto, mais propícia a seu amadurecimento. Ela ocupa 25 000 ha de toda a região. A Merlot, um pouco mais macia, mas também com boa estrutura, é a mais plantada de Bordeaux, cobrindo aproximadamente 40 000 hectares, e os vinhos mais reputados em que é a cepa principal do corte são os produzidos na margem direita, de clima mais continental e ameno. A Cabernet Franc é a mais importante coadjuvante nos tintos bordaleses, embora em alguns de Saint-Émilion, notadamente o Château Cheval Blanc, seja a uva principal. Podem também aparecer no corte bordalês, em menor grau, as variedades Petit Verdot, Malbec e, muito raramente, a Carmenère.
A mesma coisa acontece dentre as brancas: raramente um Bordeaux branco, doce ou seco, será feito com apenas uma cepa. Despontam como principais componentes do bom branco bordalês a Sémillon e a Sauvignon Blanc, vindo depois a Muscadelle.
Branco ou tinto, seco ou adocicado, uma coisa é certa: um bom Bordeaux na taça faz a alegria do enófilo mais exigente.



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