Bons Vinhos
Não é preciso parar de beber vinho por causa do dólar alto
 
 
Tomar vinho está mais caro. Não é impressão. A alta do dólar, que começou  logo depois da eleição, atingiu em cheio a bebida. Os rótulos do Novo Mundo,  negociados na moeda norte-americana por aqui, foram os que mais subiram e a  conta inclui chilenos e argentinos. Em 2015, de janeiro até a terça-feira, o  aumento do dólar foi de 10,73%, mas no mesmo período alguns vinhos subiram até  35%.
 
É o caso do Montes Chardonnay, da chilena Montes, que em janeiro custava R$  54 no Varanda Frutas e ontem era vendido a R$ 73,40. O aumento foi de 35%. O  dólar já está baixando (a queda neste mês foi de 9,15%), porém os vinhos mantêm  a alta. Na World Wine, o californiano Château St. Jean subiu de R$ 167 no ano  passado para R$ 198 neste ano, aumento de 18,6%. Na casa Santa Luzia, o  argentino Domaine Bousquet Grande Reserve Malbec subiu 23,3% este ano – de R$ 77  para R$ 95.
 
Mas ninguém precisa ficar de taça vazia por isso. O Paladar preparou  um manual de sobrevivência para tempos de variação cambial, que começa com  estratégias de compra (veja abaixo) e termina com uma belíssima  seleção de tintos e brancos de até R$ 50, todos de importação própria dos  supermercados onde são vendidos.
 
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| ILUSTRAÇÃO: Marcos Müller/Estadão | 
A alta do dólar rola como uma bola de neve: bate primeiro nas importadoras  que repassam o aumento aos restaurantes e ao varejo. Ambos repassam a alta ao  consumidor. O resultado? Bebe-se menos ou pior.
 
Quem mantém a faixa de gasto  com vinho acaba comprando rótulos piores pelo mesmo preço. Outros trocam  garrafas por taças nos restaurantes. E há quem deixe de tomar vinho.
Para tentar manter as vendas, as importadoras que têm estoque conseguem  “manipular o câmbio”, segurando a cotação por conta própria. Mas desta vez não  adiantou, diz Celso La Pastina, da World Wine. “Não repassamos todo o aumento,  ainda assim o consumidor está gastando menos”, explica. Ciro Lilla, da Mistral,  também adotou a estratégia do congelamento do câmbio e diz que sente diferença  na qualidade do que vende. “Há tamanha variedade que o consumidor pode escolher  um vinho mais barato".
 
Na Casa Flora, os contratos estão sendo renegociados. “Estamos tentando não  repassar o custo todo para o cliente”, diz Adílson Carvalhal Jr., o diretor  financeiro da importadora. O empresário, que preside o conselho deliberativo da  Associação Brasileira de Exportadores e Importadores de Alimentos e Bebidas,  Abba, diz que muitas importadoras já estão reduzindo o portfólio e comprando só  os rótulos que têm venda garantida. Isso, a médio prazo, deve reduzir a  diversidade dos vinhos disponíveis no mercado. Na Casa Santa Luzia, que tem  importação própria e altos estoques, “o aumento para o consumidor acontece de  maneira sutil”, diz o gerente Pedro Henrique Lemos.
 
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| FOTO: Reuters | 
Nos restaurantes. A alta do dólar já pode ser sentida nas cartas de vinhos.  Alguns restaurantes aumentaram os preços e mudaram a seleção mais de uma vez  neste ano. E já notaram que os clientes estão em busca de rótulos mais baratos.  “O tíquete médio caiu de R$ 250 para R$ 150”, afirma a sommelière do Viccolo  Nostro, Lerizandra Salvador. Ela já trocou a carta duas vezes em 2015 e anda  vasculhando importadoras em busca de boas oportunidades.
 
Para oferecer os tais achados, bons e baratos, o restaurateur Ipe Moraes, da  Adega Santiago, Taberna 474 e Casa Europa, faz degustações às cegas semanais com  seus sommeliers e pede para que sugiram preços. Os que se destacam na relação  custo-benefício entram na carta.
 
Belarmino Iglesias, do grupo Rubaiyat, conta que aumentou os preços após  quatro importadoras que abastecem sua carta de 800 rótulos terem feito  reajustes. “Procuramos repassar pouco. O mercado está difícil e o bolso do  consumidor, sensível”, afirma. No novato Ovo e Uva, já deu para notar mudanças.  “A maioria dos consumidores tem uma verba e procura dela, ou troca a garrafa  pela taça”, diz o sócio João Renato.
 
Para os restaurantes, o vinho pode representar de 30% a 50% do faturamento,  dependendo da faixa em que se encaixa. “Quanto mais sofisticado, maior a  participação da bebida na receita do restaurante”, explica Marcelo Traldi,  professor do Centro Universitário Senac.
 
Para beber bem, você vai ter que mudar o jeito de  comprar
1. Abra o olho ao escolher vinhos do Novo Mundo.  Norte-americanos, sul-africanos, neozelandeses e australianos, negociados em  dólar, tiveram maior aumento de preços que os europeus.
 
2. Atenção aos novos preços de vinhos chilenos e argentinos.  No Brasil, tintos e brancos dos dois países sempre foram sinônimo de boa relação  entre custo e benefício, mas seus preços também são regulados pela moeda  americana por aqui.
 
3. Mire nos europeus, que acabaram subindo menos que os  rótulos do Novo Mundo. Mas, atenção: há muito vinho espanhol, português, francês  e italiano de pouca qualidade sendo desovado no País. Para evitar ciladas, ao  escolher um vinho europeu, busque os de bons produtores: eles costumam zelar  pela qualidade de seus rótulos em todas as faixas de preço.
 
4. Novos tempos impõem a descoberta de pequenos produtores.  É esta a oferta que deve aumentar nos próximos meses, nas lojas e restaurantes.  Aventure-se.
 
5. Prepare-se para uma redução de rótulos disponíveis. A  tendência das importadoras em tempo de grande variação do dólar é reduzir o  portfólio e apostar só nos de venda garantida. Alguns vinhos podem sumir.
 
6. Nos restaurantes, em vez de deixar de tomar vinho, opte  por uma taça – neste caso, procure lugares que tenham Enomatic (aquela máquina  que conserva bem os vinhos já abertos), que têm maior oferta de rótulos em taça.  Mas é claro, se tiver mais gente na mesa e todos forem beber, é mais negócio  pedir uma garrafa do que várias taças.
 
7. Em caso de dúvida, vá nas uvas nativas ou populares de  uma região. Se for um vinho da Argentina, um Malbec é mais garantido que um  Petit Verdot, por exemplo. No Uruguai, prefira um tinto de Tannat.
 
8. Não tenha medo de aproveitar as promoções. Muitas vezes o  vinho é mais barato não porque a qualidade é inferior, mas porque o  estabelecimento tem estoque de muitas garrafas de determinado rótulo.
Por Isabelle Moreira LimaFonte: Estadão 
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