Alvo errado
Bons Vinhos

Alvo errado






O IBRAVIN - Instituto Brasileiro do Vinhos está fazendo um fantástico trabalho de divulgação do vinho e dos espumantes brasileiros com ações de degustação em eventos importantes, trazendo formadores de opinião e jornalistas para visitar a região e suas cantinas, fazendo anúncios das principais revistas, etc. E os resultados começam a aparecer conforme mostra o quadro acima.
O mercado cresceu 3,41%, os importados 2,37% e os nacionais fantásticos 7,35%. Ou seja, os vinhos nacionais cresceram mais do dobro do crescimento total.
Algumas observações que quero fazer sobre estes números:
O mercado continua crescendo: é a principal notícia, e uma prova que num pais onde se consomem miseráveis 2 litros por habitante, há muito a crescer. E é melhor que seja devagar.
Os nacionais começam a recuperar espaço perdido: Efeito do ganho de confiança no produto nacional devido ás ações do Ibravin citadas acima e ao constante aprimoramento da qualidade. É assim que se deve trabalhar, com honestidade, foco e estratégias bem pensadas e executadas.
Terá algum experto que pretenderá me convencer que este é um efeito do selo fiscal (que muitos produtos importados foram dispensados de usar) . Não é. O selo fiscal foi uma grande bobagem que enfeia os vinhos e trará zero de resultados. Combate ao contrabando? Você acha que um produtor argentino de volume e preço baixo (um dos países que teve uma ligeira queda nos volumes) correria o risco de contrabando quando produz vinhos extremamente competitivos e tem alíquota zero de importação? Se havia tanto contrabando porque jamais se mostrou um mísero caminhão apreendido? Eram todos fantasmas? Ou estamos falando do contrabando das fronteiras com Uruguai e Argentina? Nelas há free-shops que tem regras e pelos quais passam alguns milhares de pessoas que compram os freixenet da vida, seus valpolicella baratos e outros, mas será que passam por baixo do pano milhões de garrafas? Com certeza não.
Agora uma nova medida ameaça os vinhos importados: a obrigatoriedade de colocar no rótulo de frente (ou de corpo) a expressão em português “Vinho tinto de mesa fino” ou algo parecido.
Você imaginou a cara de Paul Pontallier quando saiba da noticia que seu Château Margaux terá de mudar o rótulo centenário para entrar no Brasil? Vai achar que somos todos debiloides.
Esta medida beneficia os vinhos sem pai nem mãe, baratíssimos, feitos em grandes volumes e geralmente preparados especialmente para o mercado brasileiro. Os produtores de vinhos argentinos de “meio pelo” vão deitar e rolar. Vão mandar fazer centenas de milhares de rótulos aportuguesados rapidamente para atender esta exigência.
Já o Catena Zapata vai chiar e talvez vender para um país mais sério.
Penso que todos os produtores, nacionais e estrangeiros deveriam lutar juntos contra a cerveja em quase todo o país e contra o whisky em algumas cidades do nordeste. Crescendo o mercado, crescem todos. Há espaço de sobra pra todos. A luta entre os produtores tem de ser focada na qualidade, na competitividade oferecendo produtos bons a preços justos, na boa distribuição, no bom atendimento.
A luta tem de ser para saber quem é capaz de formar maior número de novos consumidores, criar grupos, confrarias, encontros, etc.
Temos de deixar a arrogância e ânsias de estrelismo de lado e atuarmos com espírito de grupo. Ao final produzimos vinhos e espumantes que não são simples bebidas. Produzimos momentos. Nenhuma bebida é capaz de oferecer momentos prazerosos como o vinho, nem momentos tão alegres e descontraídos como o espumante.

Chega de criar armadilhas antipáticas e pouco eficientes, chega de atirar no ALVO ERRADO.



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