Bons Vinhos
Chega o primeiro vinho invisível do Brasil
Por Orestes de Andrade Jr.De Dom Pedrito (RS)
Um vinho invisível. Este é o novo lançamento da Dunamis Vinhos e Vinhedos, de Dom Pedrito , na Campanha Gaúcha, fronteira com o Uruguai, apresentado na quarta-feira (21/11), em São Paulo.
A novidade – o primeiro vinho Merlot Branco do Brasil – tem a marca da inovação que caracteriza a Dunamis, uma empresa cuja missão declarada é “descomplicar o consumo de vinho”. Tanto que, no ano passado, a Dunamis lançou o “vinho democrático”, uma eleição que envolveu mais de 100 pessoas de cinco cidades brasileiras (Dom Pedrito, Caxias do Sul, Porto Alegre, São Paulo e Recife).
Na prática, foram os consumidores que escolheram as uvas e suas quantidades que fizeram parte dos rótulos Dunamis Tom (um rosé 100% Cabernet Sauvignon) e Dunamis Cor (Merlot, Cabernet Franc e Cabernet Sauvignon). Este ano, a Dunamis apresentou os seus primeiros rótulos varietais “Shall We Dance?” (das variedades Pinot Grigio, Merlot e Cabernet Franc), os vinhos que convidam para dançar, lançado com trilha sonora própria.
Com produção inédita no Brasil, o Merlot Branco começou a ser elaborado na região do Languedoc, na França. A intenção era conseguir um produto para competir com o Zinfandel Branco, vindo da Califórnia. Embora seja inusitada, a elaboração de um vinho branco com uma uva tinta é simples: basta não utilizar a casca tinta da uva, vinificando apenas a polpa branca.
Há várias maneiras de vinificar em branco uma uva tinta. A mais popular talvez seja a separação da casca depois de prensar a uva no tanque de fermentação (tecnicamente, logo no início da fermentação as cascas ficam suspensas e se diz que o “o chapéu subiu”, possibilitando a separação do líquido). No caso da Dunamis foi diferente. O especialista em vitivinicultura e consultor da Dunamis, Emílio Kunz, explica que a uva Merlot sofreu uma prensagem leve, sem desengace, para extração do suco, chamado de mosto-flor.
Os cachos não foram retirados, a exemplo do que se faz na região de Champagne, na França, porque auxiliam na drenagem do suco. Assim, a tinta da casca da uva Merlot não se mistura ao mosto, evitando a transferência de cor. O mosto branco foi então fermentado a baixas temperaturas para garantir maior frescor e aromaticidade. “Desse modo não precisamos usar carvão ativado, obtendo naturalmente uma cor mais clara, preservando os precursores dos aromas”, argumenta.
A elaboração de um vinho branco com uva tinta (“blanc de noirs”) traz algum risco. É comum encontrar na Europa vinhos à base de uvas tintas com um tom rosa claro (“blush”). O da Dunamis, não, é branco, invisível. Emílio Kunz observa que após a vinificação em branco, é preciso um cuidado redobrado, porque o processo não evita a presença de uma pequena quantidade de polifenóis e flavonóides – extraídos da casca da uva tinta – no vinho branco, que, reduzidos, são incolores.
Mas como ocorre nas frutas (uva, maçã, entre outras), com a maturação existe um ganho de cor. “A oxidação gradativa leva os vinhos brancos com uvas tintas a ficarem rosés com o tempo”, observa Emílio Kunz. “É o mesmo processo que faz vinhos brancos ganharem uma cor amarela mais evidente com o passar dos anos”, acrescenta. Em Champagne, onde a Pinot Noir é utilizada amplamente, a segunda fermentação resolve esta questão.
“Tivemos de simular uma segunda fermentação para retirar seletivamente esses componentes sem alterar a estrutura e o sabor do vinho”, explica. A técnica usada é mantida em sigilo pelo consultor, engenheiro químico por formação.
Outra singularidade deste novo lançamento da Dunamis é que a uva Merlot foi preparada desde o vinhedo para se tornar um vinho branco. Cultivada no vinhedo Três Cerros, de solo argilo-arenoso, em Dom Pedrito (RS), as uvas Merlot foram colhidas manualmente na safra de 2012 depois de uma maturação especial para vinhos brancos, ou seja, a condução foi feita de modo que as uvas tivessem uma acidez mais alta. O resultado é um vinho fresco e aromático, com 12% de álcool, seguindo a filosofia de álcool moderado dos rótulos da Dunamis.
Brasilidade
O Dunamis Merlot Branco complementa a coleção “Shall We Dance?”. “O frescor, a leveza e a brasilidade são os principais elementos desta linha”, define o diretor-executivo da empresa Júlio César Kunz. Segundo ele, os vinhos “Shall We Dance?” buscam a melhor expressão da natureza nos terroirs da Dunamis, da cultura colorida do Brasil nos seus rótulos e a alegria do brasileiro no jeito descontraído de consumo. Além da tradicional Merlot, a coleção conta com as variedades Cabernet Franc e Pinot Grigio, pouco cultivadas em solo brasileiro.
Júlio Kunz revela que a opção por vinificar em branco uma variedade tinta (Merlot) segue a postura de oferecer oportunidades de descobertas ao público. “Também procuramos uma expressão completamente diferente desta variedade, acompanhando a balada da coleção “Shall We Dance?”, mostrando a todos que ainda há muito a ser descoberto no mundo do vinho, especialmente no Brasil”, afirma.
Agora, o consumidor pode comparar os dois vinhos Dunamis “Shall We Dance?” com a uva Merlot, percebendo as diferenças entre uma vinificação tradicional em tinto e a alternativa, em branco. E o melhor: por um preço convidativo – R$ 39,90.
Fonte: De Vinho
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