Considerações sobre outra noticia
Bons Vinhos

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Recente noticia do uso indevido de um antibiótico chamado natamicina em vinhos suaves levantou dúvidas sobre a elaboração e comercialização deste tipo de vinho no Brasil.

Gostaria de contribuir para esclarecer da forma mais simples possível este tema para evitar desvios e danos para produtores e consumidores.

Que é a Natamicina?

É um antibiótico que teu seu uso autorizado na indústria de embutidos e farmacêuticos.
Como sabemos todo antibiótico impede a proliferação de microrganismos.

Ou seja: Não é um veneno, não oferece riscos à saúde quando utilizado moderadamente.

Na indústria vitivinícola não é autorizado por isso quem faz uso esta sujeito às penalidade estabelecidas em Lei.

Porque foi usado em vinhos?

O temor de quem engarrafa vinhos suaves, ou seja, com açúcares, é a possível fermentação destes açúcares formando gás carbônico em quantidade que provocaria a explosão das garrafas ou garrafões.

A grande maioria dos produtores de vinhos suaves usam um anti-fermentativo chamado Sorbato de Potassio que é permitido e amplamente utilizado na indústria de alimentos.

Condenar os vinhos suaves como um todo é uma injustiça e uma bobagem. No mercado brasileiro de vinhos há uma importante participação, mais de 70%, dos vinhos de mesa suaves, elaborados com uvas de origem americana. Este consumo é concentrado nas pessoas de pouca renda e está muito consolidado.
Apreciam vinhos “docinhos” e somente a oferta de vinhos mais secos, elaborados com uvas de origem europeias e com preços convidativos poderá alterar este hábito.

Porque estes produtores não utilizaram Sorbato?

Porque o Sorbato não faz milagres, não é um antibiótico. Este conservante atua adequadamente em vinhos bem filtrados e embalados higienicamente. Cantinas pequenas sem instalações adequadas e pouca higiene se sentem inseguras e são seduzidas por ofertas de produtos eficientes em qualquer situação por vendedores de insumos sem responsabilidade.

É importante ressaltar a qualidade e idoneidade dos fornecedores de insumos enológicos no Brasil que trazem o que há de mais moderno de empresas credenciadas pela OIV da Itália, Portugal, França e Espanha principalmente.
Estes fornecedores não comercializam produtos não autorizados.

Utiliza-se somente em vinhos suaves?

Si porque se não há açúcar, não há risco de fermentação.

Outros países produtores utilizam natamicina?

Imaginar que o Brasil é pioneiro no uso deste antibiótico é no mínimo infantil. O Brasil é o país onde
mais se consome vinhos suaves e seu enorme mercado atrai a atenção e a cobiça de muitos produtores em especial dos vizinhos. Já houve denuncias não comprovadas em relação a alguns vinhos argentinos.
A fiscalização rigorosa do Ministério da Agricultura poderá trazer luz a este assunto.

Porque somente foram denunciadas e anunciadas cantinas brasileiras?

É uma incógnita. Nos próximos dias poderão surgir noticias sobre vinhos de outras origens.
É importante exigir transparência e igualdade de tratamento para todos os vinhos comercializados no mercado brasileiro, independentemente da origem.

Este episódio mancha a reputação dos vinhos brasileiros?

Não deveria porque em todas as atividades há empresas ou profissionais que não respeitam a lei, a ética e a correção.

É ingenuidade imaginar que não existem e por isso que as instituições credenciadas para essa finalidade, não devem medir esforços no combate a esses desvios.

Controlar eficientemente a produção de vinhos exige técnicos preparados, equipamentos modernos e eficientes e metodologia analítica avançada. Infelizmente o Brasil não investe o suficiente e os organismos oficiais estão sucateados.

Apesar disso há em Caxias do Sul um Laboratório de Referencia que tem dado suporte à fiscalização através do uso de métodos de determinação analítica sofisticados.

Através deles se combate o uso excessivo de açúcares, o estiramento do vinho e agora do uso de antibióticos.

Penso que deste episódio o setor sairá fortalecido porque demonstra que está atento e preparado para combater a fraude.

Creio que a pirotecnia do anuncio das cantinas poderia ter sido evitado. Teria sido suficiente atuar as cantinas, suspender seus registros e recolher os lotes existentes.

Às vezes a ânsia de aparecer de algumas pessoas se sobrepõe à prudência.
Na ótica dos preconceituosos isto é uma demonstração da baixa qualidade dos vinhos brasileiros. Seus refinados paladares poderão ter degustado vinhos estrangeiros com natamicina e nada terão sentido além do incomparável prazer de saborear um vinho “importado”



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