O sócio indesejado
Bons Vinhos

O sócio indesejado


Há poucos mercados no Brasil tão competitivos como o de vinhos e espumantes. O grande número de produtos que em especial os supermercados oferecem das mais diversas regiões do Brasil e do mundo, feitos com variedades tradicionais ou novas, jovens ou envelhecidos e com preços situados numa larga faixa que vai dos R$ 5,00 a mais de R$ 100,00, faz com que o consumidor fique extasiado pela fartura e aproveite para conhecer rapidamente os mais variados tipos de produto. É natural que nos dias de hoje o fator preço seja um dos principais atrativos.
Nesta situação os produtores brasileiros fazem todo o possível para ganhar competitividade reduzindo custos sem afetar a qualidade nem a apresentação.
Mas como fazê-lo ante a presença de um sócio compulsório indesejado, ineficiente, voraz, que unilateralmente aumenta sua participação a cada ano e já devora mais de 50% do preço final destes produtos?
Como ser mais competitivo se este sócio a cada mês, implacavelmente, comparece para levar sua parte muitos dias antes do recebimento do valor das vendas?
Qualquer empresa faria o possível para se livrar dele, mas infelizmente por ser compulsório, nada pode ser feito.

O mais grave ainda é que este sócio tem três tentáculos, um municipal, um estadual e um federal, que comparecem às empresas separadamente mas com igual fome e inoperância .
Para se ter uma idéia deste peso morto, uma garrafa vendida numa prateleira de um supermercado a R$ 20,00 carrega quase R$ 11,00 de impostos de toda índole que iniciam na compra da uva com o Funrural de quase 3% e num efeito cascata somam 52%.
Os R$ 9,00 restantes são divididos entre a loja, o transporte, a cantina produtora, os fornecedores de insumos como garrafas, rolhas, cápsulas, rótulos e caixas e os produtores de uva.
Nos países tradicionalmente vitivinícolas onde se produzem quase a totalidade dos vinhos importados a carga tributária não ultrapassa 15% e por isso são mais competitivos. Lá o vinho faz parte da cultura gastronômica de suas comunidades e por tal razão é considerado um alimento e tratado de forma diferenciada inclusive desde o ponto de vista tributário.
A abertura de mercado, condição fundamental para todos os países que desejam ser modernos e competitivos, deve antes de tudo, ser justa. Jamais haverá competitividade sem igualdade de condições, sem regras de jogo idênticas. Se não for assim a livre concorrência se transforma em predatória, destruidora, com efeito contrário ao de seu objetivo.
O mais irônico é que quando o setor da uva e do vinho reclama aos sócios desta situação que está levando a falência à região, as cabeças pensantes que o representam recomendam: “Parem de chorar, precisam ser mais competitivos”. É para chorar sim de frustração por não dispor de ferramentas para ao menos diminuir o peso deste sócio faminto.
Você imaginou quanto ganhariam todos, produtores e consumidores, se num arranque de bom senso, eles decidissem retirar porcentagens iguais aos países tradicionais?. O vinho de R$ 20,00 poderia ser vendido a no máximo a R$ 12,00, o consumo seria maior, as cantinas venderiam mais e os produtores aumentariam seus vinhedos para atender toda a demanda.
É triste ter certeza que jamais teremos este sonho realizado!



loading...

- A Corda Não Aguenta
Trabalhar num setor onde os fatores externos são incontroláveis e afetam diretamente o negócio é verdadeiramente desalentador. A recente escalada dos impostos que recaem sobre os vinhos e os espumantes, além da desvalorização do real frente ao...

- Raiva E Frustração
A decisão, como habitualmente unilateral e prepotente, de aumentar o imposto sobre produtos industrializados (IPI) dos valores fixos pagos até hoje para ad valorem de 20% do preço com ICM, é dessas atitudes estúpidas que demostram mais uma vez...

- Assim é Difícil
Todo mundo sabe que a carga tributária brasileira é uma das mais altas do mundo. Todo mundo sabe que infelizmente, essa monstruosa quantidade de recursos é mal aplicada, desviada, roubada, e por isso não retorna na forma de serviços médicos, de...

- Salve-se Quem Puder
Sabe quando a impotência deixa você arrasado, raivoso, em fim, emputecido? Pois é, esse foi o sentimento que tive hoje quando analisei (poucas vezes o faço) uma nota fiscal emitida para um cliente nosso de Belo Horizonte. Sobre um total de R$ 17.600,00...

- O Alvo Continua Errado
Aproveitando o furioso debate ocasionado pelo inicio, a pedido das entidades de classe da vitinivicultura nacional, do estudo para a aplicação de salvaguardas no mercado de vinhos finos, quero aportar algumas considerações que são expressão da...



Bons Vinhos








.