Bons Vinhos
O vinho do dia seguinte
 
 
Por Sílvia Mascella RosaO grão da uva vira suco, o suco vira vinho, o vinho vira vinagre. A natureza é  mesmo assim. Desde a ação das leveduras que transformam o açúcar de cada grão de  uva em álcool e gás carbônico, até a ação do oxigênio - que num período  prolongado termina por transformá-lo (através da ação de uma bactéria) em ácido  acético (vinagre) -, tudo é um processo absolutamente  natural.
 
Mas  existem algumas maneiras de preservar o vinho por mais tempo e elas começam já  na vinícola, com rolhas de boa qualidade - nesse ponto as rolhas sintéticas  levam vantagem sobre as de cortiça, pois eliminam quase totalmente o  risco de contaminação - e a utilização do gás SO2, que é um conservante natural  adicionado aos vinhos há centenas de anos.
 

 
GARRAFA ABERTA
 
Para  nós consumidores, no entanto, o que interessa é como conservar aquela garrafa  que foi aberta e não inteiramente bebida, para que o processo natural de  oxidação não estrague o vinho entre um consumo e outro.
 
Antes  de mais nada, é possível dizer que uma parte dos vinhos de consumo mais  fácil (vinhos mais jovens, com menos madeira, em geral varietais do Novo  Mundo)  podem suportar até um dia na porta da geladeira com a mesma rolha que  foi tirada dele, sem praticamente nenhum problema, uma vez que a baixa  temperatura  desacelera o processo de oxidação e impede que a bactéria acética se  desenvolva.
 
Já  os vinhos que têm mais estrutura, mais corpo, amadurecimento em madeira  e  muitas vezes mais idade, esses sim necessitam de cuidados. O mesmo se pode  dizer  dos brancos e espumantes, ainda mais delicados.
 
Para  conservar melhor todos os vinhos (mesmo os jovens) e não correr riscos  desnecessários, é essencial ter um equipamento que é hoje, felizmente, muito  fácil de encontrar. Conhecido como "salva-vinho" ou "vacuvin", é composto por um  jogo de rolhas de borracha e uma bomba que, quando encaixada na rolha, opera por  sucção retirando o ar que ocupou o espaço vazio na  garrafa.
 
Dessa  forma o, processo de oxidação é mais lento - não é possível pará-lo  completamente - e o vinho poderá ficar na porta de sua geladeira por alguns dias  (dois  dias ao menos para os brancos e até quatro dias para a maioria dos  tintos).
 
Os  espumantes, no entanto, precisam de um processo diferente, pois o gás carbônico  formado durante a segunda fermentação precisa ser preservado na garrafa,  para que o líquido mantenha sua vivacidade. Assim, a bomba de sucção não é  usada, mas sim uma rolha de metal com proteção de silicone, capaz de manter e  suportar a pressão desse vinho. Com o uso correto dessa rolha, o espumante pode  permanecer na geladeira por mais dois dias, pelo menos - embora para os bons  bebedores seja quase impossível pensar que um espumante possa ser aberto e não  bebido totalmente.
 

UMA OUTRA DEGUSTAÇÃO
 
A  garrafa aberta e corretamente conservada não deve desanimar ninguém. Deve - bem  ao contrário - ser transformada em um exercício de percepção, pois a ação do  oxigênio nos vinhos nem sempre leva o produto ao seu declínio final. Por vezes  (o degustador aprende a apreciar isso), um vinho que em uma primeira prova não  estava tão agradável, no dia seguinte pode ter se transformado em um produto bem  mais interessante, seja pela oxigenação, seja pela mudança natural de nosso  paladar. Óbvio que o contrário também pode ocorrer, principalmente com os vinhos  mais  velhos, cuja estrutura química já se encontra mais fragilizada e o oxigênio só  vai apressar um processo que já vinha ocorrendo há anos.
 
No  entanto, o mais provável é que a grande maioria dos vinhos fique ligeiramente  diferente depois de abertos, mas não intragáveis a ponto de serem transformados  em molho de salada. Os taninos podem dar uma amaciada, o álcool e a cor podem  decair ligeiramente, mas sem prejudicar o conjunto, até mesmo em alguns vinhos  brancos.
 
Como  nenhum processo é absolutamente seguro, depois que a garrafa foi aberta, o vinho  do dia seguinte não será igual ao de hoje. Alguns críticos da bomba de vácuo  dizem  que o ar retirado da garrafa também altera os compostos voláteis e, por isso,  diminui o aroma dos vinhos. Então, para não correr esse risco, pode-se usar  garrafas de 375ml pré-esterilizadas para colocar o vinho que sobrou e então usar  a rolha original. Assim, diminui-se o contato da superfície do líquido com o ar.  Esse processo,  no entanto, praticamente equivale a uma decantação, pois o líquido foi  movimentado e todo passado em contato com o ar enquanto saia de uma garrafa e  entrava na outra, o que seria também um processo de oxigenação.
 
 Nos  restaurantes que trabalham com muitos vinhos servidos em taças (infelizmente  ainda são raros no Brasil), a conservação é feita em aparelhos específicos -  servidoras de vinho - que não permitem a entrada de ar na garrafa já aberta ou,  em alguns casos, injetam uma pequena quantidade de nitrogênio e dióxido de  carbono, preservando o líquido. Claro que essas soluções não podem ser adotadas  em casa, uma vez que esses equipamentos ainda são grandes e caros, feitos  especificamente para lugares que movimentam muitas garrafas.
Nos  restaurantes que trabalham com muitos vinhos servidos em taças (infelizmente  ainda são raros no Brasil), a conservação é feita em aparelhos específicos -  servidoras de vinho - que não permitem a entrada de ar na garrafa já aberta ou,  em alguns casos, injetam uma pequena quantidade de nitrogênio e dióxido de  carbono, preservando o líquido. Claro que essas soluções não podem ser adotadas  em casa, uma vez que esses equipamentos ainda são grandes e caros, feitos  especificamente para lugares que movimentam muitas garrafas.   
Porém, no  exterior, já estão à venda latas - que parecem com as de desodorante - com um  gás mais pesado do que o ar, que ocupa a parte superior da garrafa, impedindo o  contato do oxigênio.
 
Em  nossas casas o mais importante é: depois de comprar, deixar a garrafa descansar  ao menos um dia antes de ser aberta, abrir o vinho na temperatura correta,  beber com prazer e moderação, guardar na porta da geladeira o que restou  na garrafa depois de tirar o ar com a bomba e, no outro dia, tirar a garrafa  da  geladeira ao menos meia hora antes de consumir (para os tintos) e provar seu  vinho  com renovado prazer.
 
Fonte: Revista Adega
 
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