Bons Vinhos
O vinho do pai, do filho legítimo e do bastardo
 
 
Vinhedos do senhor de terras de Puligny-Montrachet ganharam  fama, assim como o de seus filhos
por  Arnaldo Grizzo
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| Montrachet é uma pequena ondulação entre as   cidades de Chassagne e Puligny | 
A história do vinho na Borgonha remonta a milênios, ao domínio romano, que  mandou alguns de seus generais para lá para cultivar vinhas e abastecer o  império. Na Idade Média, foi a vez de a igreja exercer seu poder sobre aquelas  terras com os monges cistercienses. Hoje, nomes como Gevrey-Chambertin,  Chambolle-Musigny, Vougeot, Vosne-Romanée, Meursault, Monthélie, Pommard,  Chassagne-Montrachet e Puligny-Montrachet, por exemplo, são conhecidos mundo  afora.
Dentro dessas localidades ficam vinhedos consagrados, pedaços de terra  abençoados cujos vinhos são celebrados internacionalmente. Os principais tintos,  feitos apenas com Pinot Noir, vêm dos vinhedos diminutos e "murados" da Côte de  Beaune e Côtes de Nuits, como o Clos (muro) de Vougeot e o Romanée-Conti, por  exemplo. Os brancos mais famosos, sempre de Chardonnay, provêm, geralmente, de  uma região chamada Chablis.
 
Na Borgonha, existem pouco mais de 30 vinhedos classificados como Grand Cru,  sendo nove deles relacionados a vinhos brancos em Côte de Beaune (Chablis também  possui quase uma dezena de vinhedos Grand Cru). Entre os brancos, três lugares  se destacam: Aloxe-Corton, Chassagne- Montrachet e Puligny-Montrachet.
 
Em Aloxe-Corton está nada menos do que os vinhedos ditos pertencentes a  Carlos Magno, o Corton-Charlemagne. Em Chassagne e Puligny estão os vinhos de  Montrachet - dito Mont Chauve ou Mont Rachaz, que significa monte "careca", uma  pequena ondulação entre as localidades de Chassagne e Puligny.
Para os filhos
Diz a lenda  que, durante a Idade Média, por volta do século XIII, o senhor das terras de  Puligny resolveu dividir alguns terrenos como herança entre seus filhos. Ele  tinha um filho que se tornou cavaleiro, foi defender a fé cristã nas Cruzadas e  acabou morrendo nessa empreitada tão comum naquela época. Seu vinhedo ficou  conhecido como Chevalier-Montrachet, um Grand Cru com quase 8 hectares.
 
Conta-se que o senhor feudal também teve filhas, a quem cedeu o vinhedo  (Premier Cru) Les Pucelles (que significa "As Virgens"). Outra parte da lenda,  porém, diz que, na ausência do filho que estava lutando no Oriente Médio contra  o domínio dos mouros, o dono das terras começou a se divertir com as "damas"  (Les Demoiselles - outro vinhedo Premier Cru) da região.
Vinhedos de Montrachet, em Puligny,  são divididos em cinco Grand Cru

Após a morte do filho legítimo, nasceu um filho das aventuras amorosas  extraconjugais do pai. Esse rebento ilegítimo, que em uma situação normal  provavelmente seria rejeitado na sucessão familiar, acabou sendo muito  bem-vindo. Assim, o bastardo também ganhou sua parte nas terras - o vinhedo  Grand Cru de Bâtard-Montrachet, com pouco mais de 11 hectares (mais do que o  meio-irmão falecido).
E a história em torno do bastardo não cessa aí. A lenda diz que a bênção de  ter um novo filho em uma circunstância tão complicada fez com que a população  local desse uma grande saudação de boas-vindas para o bebê e esse fato deu nome  a uma parcela do vinhedo de Montrachet, dita Bienvenues- Bâtard-Montrachet  (literalmente "boas-vindas ao bastardo", com 3,7 hectares). Mas o bebê, apesar  de bem-vindo, teria dado trabalho ao pai, que não suportava o choro incessante  da criança e, assim, uma nova parcela foi nomeada como Criots-Bâtard-Montrachet  (ou seja, "os choros - ou gritos - do bastardo"). Outra versão, contudo, diz que  o nome Criots vem de "crag" ou "craie", que representariam o solo de cascalhos  de giz dessa pequena porção de 1,57 hectare.
Pais e filhos
A despeito da  lenda relacionada aos filhos do senhor feudal de Puligny, a verdade é que o  vinho de suas terras (Montrachet) e das de seus filhos, sejam elas do cavaleiro  (Chevalier), sejam do bastardo (Bâtard), estão entre os melhores brancos do  mundo, com aromas frutados e florais profundos, além de um toque tostado  bastante característico, assim como é característica sua untuosidade em boca.  São vinhos para longa guarda.
 
Vinhedo de Batârd- Montrachet é  maior do que de Chevalier-Montrachet
 
A fama dos vinhedos é tamanha que cada hectare dos cinco Grand Cru de  Montrachet são disputados palmo a palmo. Os 11 hectares de Bâtard-Montrachet,  por exemplo, têm mais de uma quinzena de proprietários e outros tantos  produtores. Com um rendimento regulado a apenas 40 hl/ha, a área total dos  vinhedos de Montrachet consegue produzir cerca de 180 mil garrafas por ano, o  que faz com que os preços sejam altíssimos.
Fonte: Revista Adega
 
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