Bons Vinhos
Não poderia acontecer
Apesar da existência do Preço mínimo que aparentemente protege os produtores de uva da Serra dos abusos de algumas cantinas e do acordo informal que fizeram as entidades de classe, há noticias de que algumas vinícolas estão dispostas a receber uvas comuns ao preço de R$ 0,35 ao quilo, R$ 0,20 abaixo do estabelecido por lei.
Como a uva é um produto perecível, de curtíssima vida, a pressão que alguns produtores recebem por esta situação favorece esta barbaridade.
Correm boatos que alguns expertos se aproveitando desta desigualdade, estão “aceitando” receber algumas tintas finas (excedentes) desde que ao preço de comuns.
É o velho jogo de gato e ratão aplicado livremente, sem punições, que levará mais cedo ou mais tarde ao total desestímulo, ao desespero dos produtores de uva. Como estes tem enraizada esta cultura provavelmente não arrancarão as vides, mas dificilmente entenderão os repetidos discursos das cabeças pensantes do setor que afirmam que o futuro está na qualidade. Que qualidade? Quem paga por ela?
Esta situação é constrangedora, pouco digna, inadequada.
A viticultura da Serra gaúcha se caracteriza pelo perfil mini fundiário das propriedades que explica o forte vínculo que existe entre o homem da terra e suas uvas. Toda a família trabalha e depende desta cultura, tem orgulho do que faz, não mede esforços para produzir em condições não sempre favoráveis. É um trabalho artesanal e como todo artesão, espera o reconhecimento e a valorização de seus clientes.
O setor tem a obrigação de defender este patrimônio cultural que é a viticultura da Serra gaúcha. Tem obrigação de preservar a pequena propriedade criando mecanismos que garantam uma remuneração justa e digna, que estimulem a qualidade, que corrijam os erros, que orientem.
Um exemplo de minifúndio bem sucedido é a região de Champagne, na França onde a relação entre viticultor e produtor de espumantes parte da premissa básica que um depende do outro. E todos desfrutam da riqueza gerada pelo negócio.
Não adiantam os trabalhos científicos que pretendem estabelecer estratégias e visões futuras se não se resolvem os velhos problemas que atingem a matéria prima.
As propostas defendidas por algumas entidades de classe fazem pensar que o futuro está somente na grande propriedade, na grande vinícola, nas novas regiões, no aumento de produtividade, da redução de custos, etc.
Sempre insisti que a Serra gaúcha oferece grandes dificuldades para o produtor de uvas mas a existência de vinhos excelentes são uma demonstração que é possível vencer as dificuldades.
É importante lembrar que as grandes regiões produtoras do mundo surgiram da superação, do esforço, da união de todos ante as dificuldades.
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