Para não esquecer
Bons Vinhos

Para não esquecer



Sempre que meus amigos Maria Helena e Tadeu Zanettini passam por Garibaldi, pernoitam no charmoso Hotel Casacurta, jantamos juntos com minha esposa Silvia na Hostaria do hotel, a melhor cozinha da região, e aproveitamos para degustarmos juntos espumantes e vinhos. Tadeu é um excelente degustador e já coloquei alguns dos meus espumantes para sua apreciação. Ontem foi o ORUS 2012 que será lançado em novembro deste ano e por tal razão ainda está “verde” mas mostrando já toda a sua elegância e potencia.
O vinho trazido por Tadeu que acompanhou os pratos foi o Cadus (*) 2005, que é um varietal 100% Malbec, de Mendoza, elaborado pela Nieto Senetiner. Quando conferi a graduação alcoólica, que esperava fosse alta, me surpreendi ao ver que era de 15,5%. Seria minha primeira experiência (que não é pouca) com um vinho com graduação tão alta, quase de um licoroso. Para elaborar um vinho com esta graduação é necessário dispor de uvas extremamente maduras, quase passas. No contra-rótulo tinha a recomendação de guarda: beber entre 2009 e 2015, ou seja, estávamos na época ideal,
Como era de esperar a garrafa bordelesa era do tipo pesada, com vidro abundante e escuro, e a rolha de excelente qualidade com um comprimento superior a 50 mm, digna de segurar esta fera.
Vou tentar descrever as impressões sobre este vinho que sem sombra de dúvida, é daqueles para não esquecer.

Cor: Vermelha muito intensa, quase violácea com tons marrons escuros, sem nenhuma transparência. Este aspecto é absolutamente normal e mostra a grau de concentração das uvas. Quanto mais intensa a cor menos se percebe a evolução, variável que transmite a impressão de “passado” quando excessivamente laranja. A cor já nos dizia: “Tomem cuidado comigo”.

Aromas: O primeiro ataque é do álcool que surpreende por ser tão forte e nítido. Poderia lembrar um licoroso, mas não, lembra um destilado. Os aromas vinicos vêm de arrasto, carregados desta nuvem de álcool que marca o olfato. Confesso que tive dificuldade, devido a influencia do álcool, em perceber com nitidez a característica aromática do vinho: chegavam notas de frutas secas misturadas com uma moderada presença da madeira, da baunilha, couro, compotas.

Sabor: Extremamente macio e amável, com muito peso na boca devido a estrutura. É do tipo de vinho que eu chamo de traiçoeiro, convida a ser bebido, inunda nossos órgãos sensitivos e quando menos percebemos, temos dificuldade em continuar. De forma contraditória, é um vinho fácil de beber e ao mesmo tempo cansativo. Não tenho a menor dúvida que é o efeito da alta graduação alcoólica.

Conclusão: É uma experiência que todo enófilo deve ter. É uma clara demonstração da justificada discussão sobre o limite da graduação alcoólica de um vinho. Passada certa linha, que estimo seja 14, no máximo 14,5%, o vinho deixa de ser gastronômico.

Vinhos do dia a dia: 11 a 13% são suficientes.
Vinhos para ocasiões e pratos especiais: 13 a 14-14,5%
Vinhos para experiências vínicas que não se esquecem mas que não serão frequentes: acima de 14,5%.

(*) Cadus é o nome em latim das ânforas utilizadas antigamente para armazenar os vinhos.



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