Sem novidades em 2013, infelizmente.
Bons Vinhos

Sem novidades em 2013, infelizmente.



Como todo mundo faz, eu também vou fazer uma retrospectiva.

Sobre os vinhos e espumantes que bebi não porque foram poucos. Confesso que não sou curioso em relação aos produtos nacionais e nada curioso dos importados.
Encantei-me com os vinhos de meus amigos Eduardo Angheben e Luis Zanini e me surpreendi com alguns vinhos da Aurora. Em espumantes tenho uma queda especial pelos meus.

De resto, nada a declarar.

Vou fazer uma retrospectiva do setor vitivinícola brasileiro com meus limitados conhecimentos.

Acho que foi um ano perdido. Mais um. Se não vejamos.

Creio que a indústria vitivinícola brasileira precisa solucionar alguns velhos problemas, entraves, que dificultam que ela se desenvolva com saúde.

Carga impositiva: Nada foi feito pelas cabeças pensantes. Continuamos com a maior carga tributária do mundo que impede que O VINHO SEJA COMPETITIVO. Nacional e estrangeiro porque não se trata de aumentar a carga de um em benefício do outro como as cabeças pensantes quiseram fazer, mas tornar o vinho mais atrativo, mais barato, mais acessível.
Nosso inimigo não é o produtor concorrente, É A CERVEJA que continua sendo a bebida preferida de nove em cada dez brasileiros.
Se este entrave não for tratado de forma mais séria, talvez pelos caminhos políticos adequados, continuaremos consumindo menos de DOIS LITROS POR ANO.

Conseguir que os mini e pequenos produtores sejam incorporados ao SIMPLES NACIONAL é uma questão de justiça e conseguirá alavancar o crescimento (e subsistência) destes que agregam mais valor cultural ao vinho e fazem algumas maravilhas.

Divulgação: Estive recentemente em Mendoza e conversei com José Alberto Zuccardi, produtor desta famosa marca e uma das cabeças mais lúcidas da Argentina.
Queixava-se da indiferença das lideranças brasileiras em relação a estudar esforços comuns para a divulgação institucional do VINHO.
Os produtores argentinos, segundos em volume de exportação para o Brasil, estão interessados em aumentar o mercado e o consumo per capita. Com certeza Chile aceitaria também participar aumentando substancialmente o volume de recursos.

Que preferem as cabeças pensantes do Brasil? Gastar uma boa grana nas escolas de samba, em campanha publicitária concentrada no Rio Grande do Sul, onde mais se consome vinho nacional, e fazer ações no canal direto onde geralmente brilham os quatro ou cinco grandes produtores. Cheguei ao Brasil em janeiro de 1973 quando eram consumidos menos de dois litros. Quarenta e um anos depois se consome o mesmo volume.

Como a divulgação inteligente não é feita corre solto o MARKETING LEVIANO, MENTIROSO E PREDADOR.

Burrocracia: Os importadores sofrem, o produtor nacional sofre, todo mundo sofre a lentidão e ineficiência da máquina pública à serviço do setor.
As cabeças pensantes tiveram uma ideia brilhante: solicitaram e ganharam, teoricamente para combater o contrabando de “trocentos” milhões de garrafas, o uso obrigatório do SELO FISCAL.

Desafio, e coloco meu blog a disposição para publicar, que me provem qual o volume de contrabando que esta medida consegui diminuir.

Algumas normas recentes tratam as cantinas como verdadeiras UTIs, SALAS DE CIRURGIA. A higiene é fundamental e indiscutível mas transformar cantinas rurais, simples, modestas, feitas com muito esforço, em pequenas usinas de leite é exagero.

Entra o azulejo, a cerâmica, a placa de alerta, o álcool gel e sai o aconchego, o calor humano, o cheiro de cantina. Acabemos com isso em 2014!!!

Falta de regras para produzir: A Lei Brasileira de Vinhos foi e é uma das mais omissas do mundo. Classifica vinhos de mesa e viníferas, espumantes de modo geral sem detalhar os métodos, prazos, ciclos, etc,

Continuamos com a chaptalização correndo solta, pouco estímulo a uvas maduras e o que é pior, com a nefasta POLITICA DE PREÇOS MÍNIMOS que impede a livre negociação e maior valorização da matéria prima.

É necessária uma atualização urgente da legislação mas em 2013 nada se fez.

Falta de união: Continua sendo uma das características predominante do setor.

As principais regiões produtoras do mundo, na França, Itália, Espanha e outras, se ergueram e organizaram, descobriram que nada conseguiriam desunidos após as guerras que destruíram vinhedos e construções. Aqui a guerra que sofremos é diária, de uns contra outros. Será que 2014 é o ano?

Acho que minha retrospectiva ficou mais como um desabafo. Tenho a sensação de estar ligeiramente mais leve.

DESEJO QUE 2014 SEJA UM ANO NO QUAL UM (QUEM SABE TODOS!!!) DOS ITENS RELACIONADOS ACIMA SEJA TRABALHADO ATRAVÉS DA PARTICIPAÇÃO DE TODOS OS PRODUTORES, PEQUENOS, MÉDIOS E GRANDES, COOPERATIVAS E EMPRESAS PARTICULARES.



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