Bons Vinhos
Taninos: a espinha dorsal dos tintos
 
 
Por Marcos Vian
Os polifenóis do vinho são antioxidantes poderosíssimos e os grandes  responsáveis pelos benefícios do vinho para o coração, além de serem largamente  empregados na produção de cosméticos e outros produtos à base de uva, utilizados  em clínicas estéticas e spas buscando o rejuvenescimento. Estes polifenóis  compreendem uma família muito grande de componentes, dentre os quais os mais  conhecidos estão: os taninos, responsáveis pela estrutura e pelo sabor dos  vinhos tintos; os antocianos, responsáveis pela intensidade de cor; ou ainda o  famoso resveratrol, ao qual se atribuem muitos dos efeitos benéficos para saúde  do consumo moderado de vinho.
Neste artigo vamos abordar especificamente os taninos: onde são encontrados  na uva, como se formam e como amadurecem com o tempo e contribuem para a  evolução dos grandes vinhos tintos.
Como se formam os taninos e onde são encontrados na uva 
O conteúdo de taninos interfere no paladar. Ele é responsável pela  sensação de adstringência ou trava que encontramos em alguns vinhos, causada  porque os taninos coagulam as proteínas da saliva. Trata-se de um parâmetro  fundamental na formação do sabor e nas características cromáticas dos vinho. Os  taninos estão localizados, sobretudo, na pele e nas sementes das uvas e  acumulam-se no decorrer da maturação. Eles evoluem no curso da vida inteira de  um vinho condicionado por fatores como o teor alcoólico, pH e anidrido sulfuroso  e amadurecimento em barris de carvalho.
O fator genético influencia na quantidade de taninos presentes na uva porque  existem variedades que têm maior potencial de produzi-los, assim como a Tannat e  a Ancelota com relação a outras como, por exemplo, Gamay e Pinot Noir. Mesmo na  mesma variedade de uva podemos encontrar diferenças significativas entre seus  diversos clones.
Como são extraídos da uva e qual a influência do tipo de vinificação  escolhida
Para um vinho poder amadurecer nos barris de carvalho é  necessário que seja potente, ou seja, que tenha quantidades mínimas de taninos  para suportar o tempo que vai permanecer no barril de carvalho.
O enólogo monitora o IPT (Índice de Polifenóis Totais) por meio de uma  análise simples, feita em um espectrofotômetro de luz ultravioleta. Sabemos que  precisamos valores de, no mínimo, 60 ou 70 para poder pensar em levar o vinho  para os barris de carvalho, caso contrário é melhor deixar no tanque de  inox.
E como conseguir estes índices mínimos de IPT? Depende do potencial do  terroir, da maturação da uva e do tipo de vinificação escolhida pelo  enólogo.
Depois que esmagamos a uva e iniciada a fermentação alcoólica, as cascas  sobem e formam um chapéu sobrenadante na parte superior do tanque enquanto o  suco fermenta na parte de baixo. Por isso, temporariamente, temos de molhar e  descompactar a parte sólida (cascas) – o que chamamos de remontagem.
Um fator importantíssimo que deve ser levado em consideração na hora de fazer  a escolha do tipo de vinificação é que os taninos são alcoolsolúveis, enquanto  os antocianos (cor) são hidrossolúveis. Por isso nos primeiros dias de  fermentação não extraímos muitos taninos e, conforme o açúcar vai se  transformando em álcool durante a fermentação, vamos extraindo cada vez mais  taninos e o vinho fica cada vez mais adstringente. Outro fator a ser considerado  é que os taninos são cedidos ao vinho por difusão das partes sólidas (cascas e  sementes) na fase líquida e, por isso, quanto mais remontagens são realizadas,  maior é a quantidade de taninos extraídos. Por esse motivo se preferem os  tanques baixos e largos ao invés dos altos e estreitos para fazer os grandes  vinhos tintos. Pois, dessa forma, o contato das cascas como vinho em fermentação  se dá em uma área maior.
O enólogo não pode extrair taninos em excesso porque pode resultar um vinho  duro e adstringente demais, que nem mesmo o amadurecimento em barris vai  conseguir amaciar. Por isso, além do monitoramento através de análises de  laboratório, a degustação diária dos vinhos durante a fermentação aliada a  experiência do enólogo em anos anteriores é a melhor maneira para alcançar o  equilíbrio entre todos os componentes do vinho.
Como evoluem e amadurecem com o passar do tempo
Os  taninos são constituintes naturais dos vinhos que cumprem um papel importante na  estrutura e características organolépticas dos mesmos. Porém, além da origem  própria das uvas, podemos ter um incremento indireto através do amadurecimento  do vinho em barris de carvalho, que cedem taninos da madeira para o vinho.
Outro fator importantíssimo em que atuam os taninos é na estabilização da cor  dos vinhos. Eles se unem através de pontes com os antocianos, evitando que se  oxidem e precipitem. Podem também formar complexos estáveis por meio da  interação com proteínas e polissacarídeos do vinho. Por isso é comum ouvirmos os  enólogos dizerem que os taninos são os suportes para a cor (antocianos).
Os vinhos tintos jovens e leves são, normalmente, guardados em tanques de aço  inox, preservados do contato com o ar para chegarem frutados até o  engarrafamento. Enquanto os vinhos tintos mais encorpados e carregados de  taninos são guardados em barris de carvalho, onde acontece uma micro oxigenação  por meio das aduelas de madeira produzindo reações de polimerização destes  taninos que, por sua vez, tornam-se menos agressivos e o vinho mais macio.
Os vinhos tintos iniciam sua vida com cores intensas e tonalidades vivas. Com  o passar do tempo, vão mudando em direção das tonalidades atijoladas. Por esse  motivo, podemos estimar a idade do vinho pela sua cor. Outro fenômeno  interessante que acontece com o vinho depois de engarrafado – quando guardado  durante muitos anos – é uma precipitação no fundo da garrafa de cristais  antocianos e taninos, que produzem um pequeno depósito. São eles que nos levam a  aconselhar fazer a decantação (decanter) nos vinhos mais velhos algumas horas  antes se servir, tanto para abrir seus aromas como para separar este  depósito.
Fonte: Revista Adega
 
	loading...
	
  
- 
Tanino é Um Dos Componentes Mais Importantes Do Vinho 
Muito tânico" ou "pouco tânico". Quando comentamos sobre vinhos, geralmente ouve-se expressões como essa. Mas, o que significa para um fermentado ser tânico? Aliás, o que é o esse tão falado tanino? Como ele age no vinho em relação ao sabor,... 
  
- 
Por Que Os Vinhos Amadurecem?
Por Renato Pujol Já se perguntou, por que os vinhos amadurecem? Para responder essa pergunta precisamos ter em mente duas coisas importantes: primeiro que existem vinhos que já estão prontos para serem bebidos assim que são produzidos e outros que... 
  
- 
Enologia - A Temperatura De Fermentação
A fermentação, como já dissemos, é um fenômeno exotérmico, ou seja gera calor. A levedura é sensível a temperaturas extremas (inferiores a 10º C e superiores a 30ºC) e por isso conforme o objetivo, o enólogo mantêm a temperatura através de... 
  
- 
Curso De Vinhos E Espumantes  - Tintos 1
 Na postagem anterior do Curso de Vinhos e Espumantes abordamos as variedades de uvas tintas Vitis viníferas mais importantes. Agora vamos ver a forma mais tradicional de elaboração de vinhos tintos acompanhando com a figura acima. Os vinhos tintos... 
  
- 
A Cor Dos Vinhos Ii
 Dando continuidade ao tema relacionado á cor dos vinhos abordaremos agora os vinhos tintos. Nestes vinhos a cor antecipa mais informações que os brancos porque conforme a intensidade pode-se prever a estrutura e conforme a tonalidade a idade ou conservação.... 
Bons Vinhos