Supertoscanos e supertoscaninhos
Bons Vinhos

Supertoscanos e supertoscaninhos


O que é um supertoscano ?

Quando o governo italiano decidiu criar sua legislação sobre vinhos, lá pelo final dos anos 70, as denominações top eram as DOC (Denominazione di Origine Controllata) e as DOCG (Denominazione di Origine Controllata e Garantita). O problema é que para ser considerado DOC ou DOCG, o vinho devia ser produzido exclusivamente com uvas autóctones italianas : sangiovese, nebbiolo, barbera, etc. As cepas francesas, por exemplo, não podiam ser utilizadas.

Na Toscana, no centro da Itália, na região que fica ao redor da cidade de Florença, alguns produtores não gostaram dessa história. Eles queriam misturar seus vinhos com as conhecidíssimas cabernet sauvignon, merlot e outras, e produzir seus vinhos como estavam habituados - alguns deles já faziam isso há várias gerações. Esses produtores bateram o pé e produziram seus vinhos como queriam, mas os vinhos só podiam ser classificados nas categorias de vinhos mais simples : IGT (Indicazione Geografica Tipica) ou como Vino di Tavola.

Curioso é que, apesar dessa classificação, alguns desses vinhos se tornaram emblemáticos no mercado internacional, e passaram a ser vendidos a preços caríssimos - são, por exemplo, o Sassicaia, o Tignanello, o Brancaia, o Ornellaia. Todos muito bons, todos muito caros. Eles passaram a ser chamados, informalmente, de supertoscanos.

Mas há uma outra categoria de vinhos produzidos na Toscana que mantém as mesmas características básicas (mistura de cepas italianas com cepas estrangeiras) e que têm preços mais razoáveis. Alguns blogueiros chamam essa categoria de supertoscaninhos. Simpatizei com esse nome, e passo a adotá-lo, também !

Pois bem : ontem à noite provamos um desses supertoscaninhos. Foi o Non Confunditur 2007, produzido pela Argiano, que também produz um belíssimo Brunello di Montalcino. É um vinho que mescla 4 uvas diferentes : cabernet sauvignon (40 %), merlot (20 %), syrah (20 %) e sangiovese (20 %).

A coloração é de um vedrmelho-escuro, intenso e profundo (desconfio que a syrah ajuda muito nessa coloração). No nariz, frutas vermelhas, um toque de tostado, pimenta. No paladar, um vinho equilibrado e redondo, mas que me pareceu tânico demais - confesso que cheguei a sentir saudades dos velhos e bons puros sangiovese, de que gosto tanto !

Depois de algum tempo aberto, o vinho se tornou mais suave - e melhorou muito na hora de combiná-lo com o jantar - um spaghetti com molho de tomate e deliciosas linguicinhas calabresas picadas. A linguiça, especialmente, com sua gordura e untuosidade, combinou bem e aumentou bastante o prazer de bebericar o Non Confunditur.

O vinho levou 89 pontos do Robert Parker (amém ! amém !) e custa ao redor de 80 reais na importadora.

Minha opinião final ? É bom, vale a pena ser provado - mas eu ainda ficaria com um Chianti Classico.




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